segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Bom Natal!

 Música: Para não ser triste
Compositor: Edson Borges (Passarinho); Lula Vieira

***


***
 
Nossos eternos "corres" de Natal.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Não tem conversa


"...toda ética se prova na hora adversa..."

Né, chefe?!

"...não me peça pra comprar a sua lógica perversa,
não tem conversa..."

***

Banda: Garotas Suecas
Música: Não tem conversa
Disco: Futuro do Pretérito (2017)

***

Exatamente!
Ainda era 2017 e eles já estavam escrevendo música no futuro do pretérito.
E hoje, que estamos de volta ao passado, percebemos que eles acertaram em cheio.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

sábado, 15 de dezembro de 2018

Peixe de ouro, sino de prata

Depois de um tempinho quebrando a cabeça com o arranjo do violão, fica aí uma simples mas muito sincera homenagem:

1)
ao grande Dorival, importantíssimo para a música brasileira em inumeráveis níveis;

2)
ao maestro Bill Hitchcock, que arranjou essa joia;

3)
às garotas da Bahia, que "The Girls From Bahia" ou "Quarteto em Cy", sempre sereias!

***

Música: Praia de Amaralina
Compositor: Dorival Caymmi
Disco: Caymmi (1965)

***

"...tem um sino
debaixo d'água do mar
tem um peixe, peixe de ouro
tesouro que toca o sino do mar..."

***

Mestre Caymmi.

***


sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

ai, ai, Ai Weiwei

Só pra registrar rapidinho sobre essa exposição foda, foda, foda do WeiWei, primeira individual dele no Brasil.

Muito por ser um grande artista, mas também por, já há um tempinho, resistir bravamente à perseguição de um regime sacana e totalitário, ele tem autoridade suficiente pra dizer, sem soar leviano, coisas de uma matemática extremamente simples e que ultimamente foram novesforamente "esquecidas".

Premissas básicas como essa aqui:

"Temos que lembrar que não temos escolha.
Ou estamos do lado certo ou do lado errado."

É, meu chapa, isso, em outras palavras, quer dizer também que você não pode sair por aí andando de mãozinhas dadas com o Hitler no parque, pentear o bigodinho dele debaixo da sombra de um carvalho, bater palminhas pra ele sempre que ele dá um faniquito afetadinho ou gargalhar estupidamente quando ele é confrontado e, por falta de inteligência maior, cospe uns palavrõezinhos em resposta e depois, quando o circo pegar fogo, alegar que não teve nada a ver com o holocausto.

E, a partir dessa bobinha analogia, com alguma criatividade, você pode reconstruir outras muitas também, para múltiplos contextos - inclusive, e principalmente, o seu.

Mas, se isso não tem nada a ver com você, bom, então dá pra continuar colocando a cabecinha no travesseiro e dormindo tranquilo à noite.


Mas, quando a coisa der merda, não pode esquecer de outra velha premissa básica.
Essa, do nosso submarínico Capitão Jacques:

"Estamos todos no mesmo barco."


Mas isso aqui é só arte.
Não é importante não, bobo, relaxa.
Deixa o barco correr solto.

***


***

Ai Weiwei Raiz

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Pássaru Prêtu


Olha o Paulinho aí outra vez:

Música: Blackbird
Compositor: Paul McCartney 

***

E os ornitólogos do plantão de dezembro que perdoem aí a falta de fidedignidade da tentativa desafortunada de reproduzir o canto do Pássaru Prêtu de Líverpu. E olha que eu até deixei claro há um tempo que nessa família ninguém entende p**** nenhuma de passarinismos:

***

E é por essas e outras que é sempre preciso ter o nome de  ao menos um ornitólogo de confiança na agenda. Eu já indiquei uma dúzia ou mais por aqui.

***

E depois, "não entender bem alguma coisa" não nos impede de apreciá-la ou até mesmo amá-la, certo!?

Pois é, também acho que é por aí.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

das afinidades afetivas - 33

33.

1...

...2...

...3...

...4...
(Lucia Nogueira: ah, afinidade afetiva...)

***

"não há sociedade
acima de nossas cabeças
somente estamos nós
e o conjunto de amizades
inimizades
proximidades
e distâncias efetivas
das quais fazemos experiência

somente existimos nós
potências eminentemente situadas
e sua capacidade
para estender suas ramificações
no seio do cadáver social
que sem cessar se decompõe e recompõe

um formigueiro de mundos
um mundo feito
de todo um acúmulo de mundos
e eivado de conflitos entre eles
de atrações
de repulsões

construir um mundo
é elaborar uma ordem
criar um lugar ou não
para cada coisa
para cada ser
para cada inclinação
e pensar esse lugar
mudá-lo se necessário

por isso
o primeiro dever dos revolucionários
é cuidar dos mundos
que eles mesmos constroem

nossa força de choque
é feita
da própria intensidade
do que vivemos
da alegria que se destila
das formas de expressão que se inventam"

ATENTA-2018 - Rafael Sanchez e Mateos Paniágua
(a partir de texto do Comitê Invisível)

***

...33.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Evaporar


"...o rio fica lá, a água é que correu..."

Música: Evaporar
Autor: Rodrigo Amarante/Little Joy
Álbum: Little Joy (2008)

***

"... deixar para trás sais e minerais..."

domingo, 11 de novembro de 2018

White Lights

The Handsome Family.
Rennie and Brett = Sparks.
Letras dela.

Música: White Lights
Banda: The Handsome Family
Álbum: Last days of wonder (2006)

***

"E havia mistério cantando a partir de tudo ao redor."

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

The Twilight Zone: you have just crossed over


"You have just crossed over into the Twilight Zone!"

***

"A grande maioria dos episódios abordava histórias com elementos sobrenaturais, ocorrências “além da imaginação” e inexplicáveis, tais como viagens no tempo, mundos paralelos, viagens espaciais, alienígenas, fantasmas, vampiros e outras situações misteriosas, ambientadas em um local denominado "Zona do Crepúsculo" ou "Twilight Zone", título original da série."

(Wikipedia)

***

Twilight: crepúsculo, penumbra, declínio, decadência.

***

Música: Come wander with me
Compositores: Jeff Alexander and Anthony Wilson

*** 

Abertura "The Twilight Zone"

***

Roteiro do antepenúltimo episódio (maio de 1964):

"Mr. Floyd Burney, a gentleman songster in search of song, is about to answer the age-old question of whether a man can be in two places at the same time. As far as his folk song is concerned, we can assure Mr. Burney he'll find everything he's looking for, although the lyrics may not be all to his liking. But that's sometimes the case - when the words and music are recorded in the Twilight Zone."

Bonnie Beecher, doçura, doçura.
The Twilight Zone - Temporada 05, Episódio 34

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Putrefação: viramos rapidamente menos

Do manual prático de sub-subsistência:
"Como virar rapidamente menos do que já é."


"nos últimos tempos
ando pensando
que este país
retrocedeu
4 ou 5 décadas
e que todos os
avanços sociais
os bons sentimentos de 
pessoa para com
pessoa
foram totalmente
varridos
e trocados pelas mesmas
intolerâncias
de sempre.

temos
mais do que nunca
o egoísta desejo pelo poder
o desrespeito pelos
fracos
pelos velhos
pelos empobrecidos
pelos
desamparados.

estamos trocando necessidade por
guerra
salvação por
escravidão.

desperdiçamos os
ganhos
viramos
rapidamente
menos.

temos a nossa Bomba
é o nosso medo
nossa danação
e nossa
vergonha.

agora
algo tão triste
nos domina
que
a respiração
escapa
e não conseguimos nem mesmo
chorar."

[Putrefação - Charles Bukowski]

***

Mas isso passa.
Para os que sobrevivem, passa.
Momentos de trevas são comuns e cíclicos na história do mundo.
O problema são as sequelas.
Para os que sobrevivem, as sequelas.
Essas não passam não.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Little man, you've had a busy day

I still do.

Eric Clapton - Little man, you've had a busy day
Álbum: I Still Do (2016)

***

E a versão do Chet, suave, suave:

Chet Baker - Little Man You've Had a Busy Day

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Alcance mental: trevas e barbárie


...trapped now, raped later...

Mas nem vai adiantar reclamar, neném, porque o consentimento descaracteriza o estupro.

***

"Um dos defeitos da moderna educação superior é que ela se transformou num puro treinamento para adquirir certas habilidades e cada vez se preocupa menos em ampliar a mente e o coração por meio do exame imparcial do mundo.

Vamos imaginar que estejamos empenhados em uma campanha política e que trabalhamos com todas as nossas forças pela vitória de nosso partido. Até aí, tudo bem. Mas, ao longo da campanha, pode perfeitamente acontecer que se apresente alguma oportunidade de vitória que implique o uso de métodos calculados para fomentar o ódio, a violência e a desconfiança. Por exemplo, podemos ter a ideia de que a melhor tática para ganhar uma disputa seja insultando uma nação estrangeira. Se nosso alcance mental só abrange o presente, ou se assimilamos a doutrina de que importa apenas o que chamamos de eficiência, adotaremos esses métodos tão equívocos. Pode ser que graças a eles consigamos atingir nossos propósitos imediatos, mas a longo prazo as consequências mostram-se desastrosas.

Em contrapartida, se nossa bagagem mental inclui as épocas passadas da humanidade, sua lenta e parcial saída do estado de barbárie e a brevidade de toda a sua história em comparação com os períodos astronômicos, se essas ideias modelaram nossos sentimentos habituais, nos daremos conta de que a batalha momentânea em que estamos empenhados não pode ser tão importante a ponto de nos arriscarmos a darmos um passo atrás, retrocedendo às trevas de onde tão lentamente saímos."

Bertrand Russel - A conquista da felicidade (1930)

***

1930?
Pois é.

Retrocedendo às trevas de onde jamais chegamos a sair.
Mas pra esse alcance mental de 2018 (quase cem anos depois) o Russel é nada.
Talvez, quando a besta quadrada que apresenta o telejornal ou a anta de gravatinha que faz gracinhas no talkshow ou aquele seu "filósofo" oportunista preferido falarem, aí quem sabe vocês acreditem. E se não quiserem acreditar, podem continuar escrevendo suas próprias notícias mesmo, porque já estão fera nisso.

***

Nirvana
In Utero
Rape me
1991

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

No horizonte de eventos: o fim do próprio tempo


Acho que talvez não houvesse momento mais buraco-negrístico do que esse pra retomar esse assunto. O cenário está calibrado a infinitos graus negativos na escala ‘sinistro-tenebroso’. Bom, pra mim pelo menos, é ali que o ponteiro tá estacado. Mas, como tenho visto muita gente feliz/ingênua, satisfeita/ignorante e ansiosa/estúpida com as perspectivas que começam a se concretizar no horizonte de eventos, vou só sussurrar baixinho pra mim mesmo aqui, da solidão e do escuro desse meu buraco. No entanto, correndo o risco de ter alguma dor de cabeça, ainda quero tentar falar um pouco mais sobre isso em telegramas futuros, vâmo vê...

Por hora, a ideia é falar mais uma vez e rapidinho do Stephen, o rei, mas não o rei dos mistérios da ficção - que é um outro King - mas sim, o rei dos mistérios do planeta (aê, baianos!).
Isso aí mesmo: o HawKing.


KING!

Mas vou fazer muito melhor do que burramente falar sobre os assuntos dele, como da última vez. Vou deixá-lo falar por si mesmo:

“Dizem às vezes que a realidade é mais estranha que a ficção. Em nenhum lugar isso é mais verdadeiro que no caso dos buracos negros. Os buracos negros são mais estranhos que qualquer coisa já sonhada por escritores de ficção científica, mas são fatos do mundo da ciência.”

Loucura, né?! Acho que já li algo parecido em algum lugar, não estou bem certo. Mas é mais assustador quando tem ciência envolvida. Lembra? “Jamais proclamar o nome da ciência em vão”, pois é... Aqui a parada é séria, meu parceiro, é quando uma estrelinha se contrai de cólicas intestinais fortíssimas até se transformar em um único ponto de densidade infinita, a singularidade, que “assinala o fim do próprio tempo.”

“...densidade infinita; singularidade...”: veja, aí já é poesia.

Mas, continuamos com esse sagaz monarca lá das bandas do Reino Unido:

“De fora não dá pra dizer o que há dentro de um buraco negro. Você pode jogar aparelhos de TV, anéis de diamante ou até seus piores inimigos dentro de um, mas o buraco negro só vai lembrar sua massa total, seu estado de rotação e sua carga elétrica.”

Viu que sinistro, fera?! Você pode até jogar todos os minions do universo (criaturas detestáveis!) em sacrifício ali dentro. O buraco negro não sabe nada de história, nem tem visão perspectiva, não tá nem aí pra fatos ou consequências, ele engole sem dó.
E é insaciável, o danado...

Trilha-sonora-abre-parêntese:
A minha banda-cientista favorita canta o seguinte a respeito:

“We'd been filling it with garbage as long as you could count
Kitchen scraps and dead cows, tractors broken down
But never did I hear one thing hit the ground
And slowly I came to fear that this was a bottomless hole.”
(The Handsome Family - The Bottomles Hole)

Fecha-trilha-sonora-parêntese e voltando ao HawKing:

“O buraco negro tem uma fronteira chamada horizonte de eventos. Nesse lugar a gravidade é forte o bastante apenas para puxar a luz de volta e impedir que escape. Como nada pode viajar mais rápido que a luz, tudo o mais também é puxado. Cair no horizonte de eventos é um pouco como descer as cataratas do Niágara numa canoa.”

“Se você cai em um deles primeiro com os pés, a gravidade os puxa com mais força que sua cabeça, porque eles estão mais próximos do buraco negro. Como resultado, você é esticado longitudinalmente e esmagado lateralmente. Se a massa do buraco negro for algumas vezes maior que a do nosso sol, você será dilacerado e transformado em espaguete antes mesmo de chegar ao horizonte.”

“No espaço, ninguém pode ouvir você gritar; e, em um buraco negro, ninguém pode ver você desaparecer.”

“Ele [o buraco] não pode emitir nada, não pode emitir calor.”

Pois é, triste o cenário do buraco negro, né?! Triste e assustador e outros adjetivos dramáticos mais que, por hora, prefiro não gastar.

Infelizmente, o horizonte de eventos próximo indica que sejamos todos sugados pra dentro desse buraco sinistro. E o que é pior, por vontade própria e rindo pras estrelas.
Insano!
A mediocridade é insana!

Mas, como todo bom monarca, nosso Stephen não só nos traz o problema, mas nos dá uma ponta de esperança, que, quem sabe, seja nosso único alento por um bom tempo:

“...um buraco negro não precisa ser uma via de mão única para um beco sem saída.”

“Minha mensagem aqui, então, é que os buracos negros não são tão negros quanto se diz. Não são as prisões que um dia se conjecturou. As coisas podem sair de um buraco negro, tanto neste universo quanto possivelmente em outro.
Assim, se você sente que está em um buraco negro, não desista: existe uma saída!”

Melhor e mais inteligente do que precisar buscar uma saída, seria, quem sabe, tentar evitar o mal, mas, se não tem jeito, fica o don’t give up patrocinado pelo Ficcionista de sempre:

“And still I am there falling down in this evil pit
But until I hit the bottom, I won't believe it's bottomless”
(The Handsome Family - The Bottomles Hole)

Boa sorte pra nós!

***
Música: The Bottomless Hole
Banda: The Handsome Family
Álbum: Singing Bones (2003)

***

"...down in this evil pit..."

***

Originalmente, era um post sobre a história desse casal da música.
Eles acordam um belo dia e percebem que há esse buraco sem fundo entre eles, lá atrás do celeiro. E não há nada que tampe o maldito. Ela dá corda pra ele se "enforcar", e ele vai embora levando só um canivete sem corte e uma banheira enferrujada. A música tava gravada há mais de um ano, esperando a leitura do livro do Stephen, o fechamento do raciocínio.
No fim, saiu tudo diferente...
É que no horizonte de eventos do buraco, tudo fica imprevisível, cheio de incertezas.
Mas aí já é com o Heisenberg, fica pra outro dia.


***


(Stephen Hawking - Buracos Negros)

domingo, 30 de setembro de 2018

Ciência pura!


É público e notório que por aqui ninguém é dado a misticismos. Não mesmo. A não ser que o misticismo em questão seja de ordem puramente científica. E é claro que se, dentre todo o imenso catálogo disponível a um palmo de distância do seu nariz, você escolhe assistir justamente a história do sujeito que tornou possível a corrente alternada e, nesse muito curto espaço de tempo de três mil segundinhos, a energia acaba – duas vezes! – então é claro que isso quer dizer algo.

Veja, não é mística e nem coincidência. Isso é ciência pura.

Mas, se é pra misturar mística com ciência, então o seu cara talvez seja mesmo o Tesla.

E uma semana depois, não é que eu estava revendo umas partes do filme, pra tomar umas notas, fazer uns rabiscos... e bum! ciência pura: a energia acabou novamente. (Não durante o filme, que seria falta de originalidade, mas uns poucos milhares de segundinhos depois, garanto.)

O pitoresco é que eu nem me lembrava quando, antes disso, a energia acabou por aqui. Nem sabia que isso ainda acontecia, pra dizer a verdade. Ou seja, é coisa, no mínimo, bem rara.

E é nesse ponto que, se você é tão cético quanto eu e só acredita mesmo é na matemática, então como dois e dois são quatro você há de convir comigo que o Tesla só podia estar de peraltices, certo?!

Tesla peralta

O grande Tesla, que chutou o rabo gordinho da corrente contínua beiçudinha do Edson, o grande Tesla, que nasceu no meio da tempestade, filho da luz, poeta da ciência, apóstolo das forças da natureza, à qual tão incansavelmente admirou e reverenciou, o grande Tesla, amigo do Marquinho ali da esquina - qual Marquinho? o Twain! -, o grande Tesla, ficcionista científico ou cientista do realismo fantástico, como queira, o grande Tesla fotógrafo de pensamentos, amigo/enamorado de pombos do Bryant Park – sempre mais limpos que humanos! – o grande Tesla, que fez o Bowie usar um bigode, o grande Tesla do raio da morte que recebeu mensagens em código morse de Marte, o grande Tesla que morreu falido e esquecido no 33º andar do Hotel New Yorker, no quarto 3327, onde tudo era muito divisível por três...

...o grande Tesla, artista-eletricista-cientista-poeta:


 “Ele era um artista. Ele trabalhava com seus sonhos. Trabalhava com suas visões. Seu meio não era o barro. Seu meio não era a tinta. Seu meio era a eletricidade.”

É que ele não se amarrava a dinheiro não, mas aos mistérios, como já bem disse um outro grande cientista.

Fica aí a homenagem e o agradecimento a esse grande sujeito, que nem se deu ao trabalho de descobrir o rádio porque já estava pensando era no wireless. (Êh, Marconi, perigo, hein?!, usurpador de patentes, você precisa ser preso também, safado!)

Grande Tesla!
Tesla com seu instrumento musical, tocando uma música cheia de melodia e elétrons...

***

E, só porque o “paralelo” é interessante, vou roubar um pedaço do estudo científico do John dos Passos aqui, rapidinho.

De um lado do ringue, pesando mais de oitenta anos, o Tesla morre falido e esquecido. Do outro lado, com não menos que oitenta anos de tentativa-e-erro, o Edson morre ainda escravo:

“Edson preocupava-se com uma coisa a que chamava de força elétrica; quebrou a cabeça um bocado com ela, mas foi Marconi quem faturou as ondas hertzianas. O rádio ia despedaçar o antigo universo. O rádio ia matar o velho Deus euclidiano, mas Edson jamais foi homem de se preocupar com conceitos filosóficos;
Trabalhava noite e dia mexendo com rodas dentadas e pedaços de fio de cobre e produtos químicos em vidros; sempre que pensava num aparelho, experimentava-o. Fazia as coisas funcionarem. Não era um matemático. Posso contratar matemáticos, mas os matemáticos não podem me contratar, dizia.

[...]

Thomas A. Edson aos oitenta e dois anos trabalhava dezesseis horas por dia;
Nunca se preocupou com matemática ou o sistema social ou conceitos filosóficos generalizados;
Em colaboração com Henry Ford e Harvey Firestone, que nunca se preocuparam com matemática ou o sistema social ou conceitos generalizados;
Trabalhava dezesseis horas por dia tentando descobrir um substituto para a borracha; sempre que lia sobre alguma coisa experimentava-a; sempre que tinha um palpite, ia para o laboratório e experimentava-o.” 

(John dos Passos – Paralelo 42)

***

E pra fechar, claro, tem que ter uma trilhazinha sonora, porque senão ninguém aguenta tanta conversa fiada.

O meio do documentarista é o documentário, já o do músico, pode ser o documentário também, se ele quiser. Fica essa versão curta da história do Teslinha, que o pessoal da Handsome Family escreveu, dirigiu, produziu e interpretou com muita beleza e puro sentimento. Ou você gasta 50 minutos no filme ou 5 na canção (se a energia não acabar, claro). Dois estilos diferentes de registrar a mesma história:

Música: Tesla's Hotel Room
Banda: The Handsome Family
Disco: Last days of wonder

Disco foda!

***

Pois é, e fechando o raciocínio do início, é como disse a canção,
"...when spirits still flew..."

Tesla peralta.
Ciência pura!