domingo, 30 de agosto de 2015

Música Salva! (20) - A maneira de ver


Quando crianças, uma de nossas moradas foi uma casinha singela que tinha umas bananeiras lá no fundo do quintal. Elas eram usadas pela nossa gangue para treinamento de chutes e socos. Bananeira é uma coisa boa de chutar e socar, porque não machuca quem bate. Só a bananeira.

Não me orgulho desse passado violento, mas éramos muito jovens, não recebíamos orientação e não entendíamos nada sobre o olhar do coração. Todas as nossas forças estavam voltadas para esta obsessão sangrenta que consistia em nos tornarmos uma gangue de ninjas. E as bananeiras sofreram por serem as plantas mais macias do quintal.
Quintal do nosso olhar, olhar sem coração.

Muitos anos depois, um pouco mais esclarecido e tendo cumprido todas as missões mais difíceis e perigosas que me foram confiadas, me questiono se valeu mesmo a pena toda aquela devastação apenas para me tornar um ninja renomado.

Sim, valeu, porque é muito especial ser um ninja de renome, mas, se fosse hoje, eu faria as coisas de uma maneira diferente.

Afinal, todos temos um passado e até o Donato já foi "A Bad Donato".

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 É bananeira. É de fundo de quintal. É quintal do seu olhar. É olhar do coração.
O resto, sei lá. Isso já é lá com vocês.


(Bananeira - João Donato e Gilberto Gil)
Disco: Lugar Comum - 1975

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Agora é hora de aventura!


Encontre um ninja escondido na imagem abaixo e reivindique sua surpresa na barraquinha de prêmios próxima à roda gigante!

Boa sorte!

Atenção: os prêmios serão distribuídos apenas aos 100 primeiros colocados.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Música Salva! (16) - The purpose is?


De vez em quando escuto umas músicas que, de tão legais, quase me fazem ter vontade de voltar a escrever o "Música Salva!". Então, eu releio algum deles e aí bate aquele desânimo, aquele cansaço. O grande problema é que as canções legais são muitas - muitas mesmo! - e não me basta apenas indicá-las, dizer "escuta lá, meu!". Tenho essa necessidade/obrigação/incumbência de exaltá-las, de professar suas glórias.

Hoje reli esse aí. Foi enviado pra algumas pessoas amigas por e-mail em maio de 2013. Obrigado aos que receberam, obrigado aos que leram e obrigado aos que fingiram que leram. Na verdade, não faz a menor diferença. Abraço a todos. 


Outra hora volto com mais desses. Quem sabe até com coisa nova.
Se o texto não estiver legível, é possível baixar os arquivos neste link.

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 Onde se lê “trhough”, na página 2, leia-se “through”. Uma das muitas falhas de revisão que podem ter passado batido. É que, pela falta de funcionários, acabei acumulando muitas funções durante a realização deste projeto. Queiram relevar (ou revelar) as demais falhas.


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 (The purpose of existence is? - Ray Manzarek)

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Outros links correlatos:

Música para os ouvidos 14 (?)

sábado, 22 de agosto de 2015

O Silva

O Silva foi astronauta profissional de carteira assinada por 22 anos. Antes disso ele tinha sido auxiliar de alfaiate e lambedor de selos. Quando o Silva ia pra alguma missão espacial, ele sempre levava um punhado de terra dentro das suas botas galácticas. Dizia, de um jeito zombeteiro, enquanto escalava pela plataforma de lançamento:


“- É para que, mesmo sem gravidade, eu tenha sempre os pés no chão.”

Os outros astronautas o ridicularizavam. Nenhum deles achava essa atitude engraçada.

O Silva virou astronauta por acaso, em uma época em que os concursos públicos pra esse tipo de cargo nem eram muito concorridos. Mas não era o lance dele. Fazia isso pra tirar um troco.

Desde pequeno, o Silva sonhava mesmo era em ser um pequeno agricultor. E não podia ser um agricultor. Tinha que ser um pequeno. Cuidar da lavoura e, eventualmente, se embrenhar na selva pra caçar comida. De fato, o Silva era um sujeito da terra e, principalmente, da Terra.

As missões lhe causavam enormes enjoos que, muito antes de serem fruto da falta de gravidade, o eram da saudade que o Silva sentia de colocar os pés no chão.

Um dia o Silva pediu demissão. O dinheiro que recebeu não foi muito. Nem dava pra comprar um pequeno lote pra uma pequena horta. Então o Silva percebeu que sua única alternativa na vida seria se tornar um DJ amador. Comprou uns equipamentos, um walkman e uma fita k7 chamada “Summer Hits 1985 – The best of the season”.

O Silva chegou a animar umas duas festinhas no bairro em que morava, sem grande sucesso. Então, comprou um engradadinho de cerveja e voltou pra casa, frustrado e sozinho. Afundou no sofá, engordou e ouviu uns "Summer Hits".

Está lá jogado há um tempo. A pilha do walkman já acabou, mas ele está assistindo, pela quarta vez, todos os episódios de “Miami Vice”. Vai continuar ali ainda por um bom tempo, ou até perceber o que todos nós já sabíamos ser a única saída pra que essa tristeza se dissolva:

Só a selva salva o Silva.



Abaixo, a canção que o Silva mais gosta da fita k7 que comprou:

(Tarzan Boy - Baltimora)

sábado, 15 de agosto de 2015

O Ukulele da Saudade

Enquanto o cavaco não vem, vâmo de Paulinho McCartney mesmo.

Ram On!
(Ram On - Paul McCartney)
Do disco Ram, um dos melhores já feitos nesse universo.

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Depois de muitos "take ones" e de todos esses agudos imprudentes, a vizinhança já estava odiando esse tal de Ramón e seu coraçãozinho de pedra.

"- Vai, Ramón, se joga, muléééque!"

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O coletivo de lixa é foda-se!

DO

DO SUSTENIDO

RE

RE DIMINUTO

MI

MI BEMOL

FA

FA SUSTENIDO

SOL

SOL MAIOR COM QUINTA AUMENTADA

LA

LA BEMOL

SI

SI MAIOR COM QUINTA AUMENTADA

RE DIMINUTO

FA DIMINUTO

SOL SUSTENIDO

LA COM SÉTIMA

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AVISO IMPORTANTE:
Algumas destas lixas ainda estão disponíveis.
Exceto SOL SUSTENIDO e SI, desgastadas em um suor mais puro, destilado,
todas possuem o mesmo valor de mercado. 

São peças únicas e exclusivas.
Não perca tempo, garanta já a sua!

;)

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Hidráulica e Pneumática - Módulo VII

Uma das principais vantagens da pneumática é a resistência a ambientes hostis. Poeira, atmosfera corrosiva, oscilações de temperatura, umidade, submersão em líquidos, raramente prejudicam os componentes pneumáticos, quando projetados para essa finalidade. Além disso, há substancial redução do número de acidentes: a fadiga é um dos principais fatores que favorecem acidentes e a implantação de controles pneumáticos reduz sua incidência.

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É preciso parar de ser assim:


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Hidráulica e Pneumática - Módulo VI

A hidrodinâmica é o ramo da Física que estuda o movimento dos fluidos e suas aplicações nos sistemas de abastecimento de água e irrigação das terras.

Dentre outras coisas bonitas, nos diz que o diâmetro dos tubos e a viscosidade do fluido influenciam fortemente no escoamento, isso porque, com a viscosidade, aparecem forças de movimento relativo entre as camadas do fluido, o que ocasiona a dissipação de energia mecânica, o cansaço.


Temos que vazão é a relação entre volume e tempo.

Q=V/t

Ou seja, a vazão (Q) nos diz de forma matemática quanta água já passou debaixo da ponte ou quanta água já moveu aquele velho moinho.

(Fonte: Mundo Educação, mundanamente adaptado)

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Sabemos,
é preciso parar de ser assim:


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"Mais uma vez..."
(Max Sette - Parábolas ao Vento)

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Rei!


É esse orgulho, essa cabeça baixa.
É esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
É essa necessidade louca de comprar um rádio, de esquecer fulana, de estar sempre bêbado e de não assassinar ninguém.
É esse terror urbano, modesto e recreativo, cinquenta por cento de cinema.
É esse medo grande dos sertões, esse medo das igrejas.
São as fotografias intoleráveis, os mortos de sobrecasaca.
São os poetas jamais acadêmicos, último ouro do Brasil.
É esse amor civil, o problema da opção.
São as mil queixas operárias, o sopro quente dos mundos.
São os reinos protéticos, o tédio da boca, o sorriso técnico, a serra mecânica, a carne triste, as fomes ferozes e secretas.
É a noite comendo o subúrbio, dissolvendo as pátrias, apagando os almirantes.
É o perdão simples e macio, doce, de tão necessário.
São os leves narcóticos, os doces unguentos, os calmos incensos.
É a literatura estragando as nossas melhores horas de amor.
É esse coração orgulhoso (estúpido, ridículo e frágil) e toda a pressa de confessar a derrota.
São as ilhas perdendo os homens em um mundo enorme e parado.

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(Rei Carlos I - Sentimento do Mundo)

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

se eu, só, lixo, ela só se lixa

lixo-me

...se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa/ se eu, só, lixo/ ela só se lixa...

lixa-se

sábado, 1 de agosto de 2015

A carne mais barata do mercado

Cortes profundamente selecionados.
A carne é dura, mas a navalha é afiada.

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(Carne de Segunda - Se levar adiante)